A difícil tarefa de equilibrar os pratinhos
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11/6/20233 min read
A difícil tarefa de equilibrar os pratinhos
É verdade: a mulher moderna se enfiou numa enorme enrascada. Ou melhor: a mulher moderna foi enfiada numa enorme enrascada.
Hoje a vida da mulher gira em torno de trabalhar, cuidar da família (esposo, filhos, pais), vida espiritual, cuidados pessoais, e tudo isso de uma forma confusa e desordenada e, muitas vezes, automática.
Como é difícil chegar em casa cansada e enfrentar os filhos precisando tanto de atenção. Quantas vezes o marido acaba ficando chateado por estar sempre de lado – nunca há tempo para ele. Como sair do trabalho no horário quando a demanda de serviço é grande e a pressão se torna um instrumento de aliciamento. Depois de tudo isso, como encontrar prazer e alegria nos perrengues familiares que são naturais: contar histórias aos filhos, mediar algumas brigas de irmãos, ensinar a atenção e respeito aos mais velhos, ensinar os filhos a ordenarem as coisas, cumprir uma rotina saudável… Tudo se torna muito, tudo se torna cansaço, em tudo se encontra dificuldades.
Esses são fatos presentes na vida da maioria das mulheres. Não é fácil, mas devemos tomar essa realidade como um desafio a ser enfrentado – será que não podemos melhorar o modo como realizamos nossas atividades?
Convido que me acompanhem num caminho que venho pessoalmente lutando por construir.
O primeiro e mais importante passo é identificar uma hierarquia, uma ordem de prioridades na vida. O que é verdadeiramente essencial e que nos leva a cumprir os fins a que somos chamados a viver? Parece uma coisa simples, mas, hoje em dia, não é. Com a dinâmica da vida que estamos vivendo e as dispersões que o mundo moderno nos convoca, acabamos absolutamente perdidos nas prioridades, e o que observo em meu trabalho com as famílias é exatamente uma enorme dificuldade de priorizar.
Então, vamos a uma reflexão muito prática: em primeiro lugar, Aquele que nos chamou à vida e que é o princípio de toda a ordem – Deus. Quando colocamos Deus em seu lugar, o primeiro, as coisas vão automaticamente ganhando uma hierarquia mais natural. Quer ver?
Ele mesmo nos dá uma vocação: somos chamados a formar família, a contribuirmos com Ele na obra da criação. Portanto, em segundo lugar em nossa vida estão aqueles que são nossos por empréstimo – o marido/a esposa, os filhos e os pais. Para que possamos sustentar essa família e contribuir com o bem-estar social, cada um de nós tem uma atividade profissional. Portanto, ela entra no terceiro lugar dessa hierarquia. Os cuidados pessoais são importantes, mas vão acontecer dentro da realidade possível a cada momento da vida. Quando os filhos são menores, precisamos ser mais criativas para criar um tempo para esse cuidado; conforme vão crescendo, esse tempo vai acontecendo de modo mais tranquilo.
O importante, no entanto, é que possamos compreender que existem alguns pratinhos que realmente não podem cair; se caírem, o prejuízo será incalculável – abandonar o relacionamento com Deus, descuidar do amor ao cônjuge ou do cuidado necessário para a formação dos filhos, devem ser prioridades na vida. Ainda dentro do convívio familiar, também é importante identificarmos uma ordem: em primeiro lugar o cônjuge (aquele que junto com você gerou a vida dos filhos) e depois os filhos (que sempre se sentirão muito felizes e seguros ao perceberem que os pais se amam).
Certamente, a vida profissional é um campo importante tanto de realização pessoal quanto de bem-estar social e sustento familiar. No entanto, não se iluda: no trabalho, todos somos dispensáveis e substituíveis; na família, jamais. Portanto, trabalhe com responsabilidade, com seriedade e amor, mas nunca coloque o seu trabalho acima de sua família. Na família, o que você não fizer, ninguém fará – essa é sua principal missão.
Sei que isso que trago aqui é muito diferente do que estamos sendo levados a pensar com o turbilhão de informações que recebemos na escola, nas séries, nos filmes etc. Mas podem ter certeza: a luta por viver essa ordem vai nos dando a percepção de que estamos no lugar em que devemos estar fazendo o que precisamos fazer – nada melhor do que uma vida com objetivos claros e sentido definido.
Simone Fuzaro
Educadora Familiar